Eu gosto de ver como a fotografia captura os enredos da vida. A fotografia nos últimos anos tem me ensinado novas coisas sobre a vida, que muitos anos atrás eu não havia aprendido, porque usava a fotografia apenas como um meio de ganhar dinheiro e não como um meio de ver o mundo também. Um meio de se expressar, de contar histórias, de encapsular o tempo e outras coisas muito além de dinheiro.
Por exemplo, a fotografia pode nos ensinar sobre paciência. Uma vez que você precisa esperar muito para encontrar uma boa composição ou cena acontecendo na fotografia de rua ou paisagem. Ela pode nos ensinar sobre que o coração do homem pode planejar o seu caminho ou o seu dia, mas o Senhor lhe dirige os passos. Ou, que não temos o controle de tudo, por mais organizado que você seja, porque ao planejar o seu dia para fotografar, esse dia pode não render boas fotos como você esperava ou o clima pode não estar tão favorável para as cenas. Daí você aprende uma outra lição dentro desta, que é: eu posso aproveitar o momento.
Por mais errado que possa ter dado seu dia, imprevistos, chuva, ventos fortes, perdeu um bom momento do sol ou perdeu uma boa cena, enfim, suas fotos podem não ter valido a pena, mas aproveite o momento. Você conseguiu sair de casa, sentiu um pouco da rua, da natureza, viu pessoas novas, coisas novas. Nem todo momento precisa ser fotografado, você só precisava estar ali mesmo. Aproveite e agradeça a Deus pela saúde e o ar em seus pulmões e que mesmo depois de algumas frustrações com as fotos, você tem uma casa para voltar, você tem uma esposa e filhos para voltar.
Ou seja, a fotografia pode nos ensinar que nem tudo é como planejamos, mas posso tirar proveito disso tudo.
Ela também me ensina que embora o tempo passe, você consegue segurá-lo nas mãos. No dia 14 de agosto eu estava com minha filha no parquinho, e enquanto ela brincava, eu olhada ao redor do local pra ver se tinha alguma cena para fotografar, e eu tirei foto simples da rua, mas que a intenção era mostrar o contraste dos galhos da árvore entre os céus. Não achei a foto tão boa para compartilhar e resolvi guardar. Depois no dia 30 de agosto eu volto no mesmo parquinho e olho de novo para a árvore que eu tinha fotografado duas semanas atrás, e percebi que ela está cheia de folhas, sendo que no dia 14 ela estava toda seca, sem nenhuma folha. Fiquei surpreso em ver aquilo, era como se eu tivesse de fato vendo as estações mudando o meu ambiente e não apenas sentindo a mudança através do clima, mas agora era como se realmente eu estivesse assistindo aquilo. É um indício de que o inverno está terminando e a primavera está próxima.
Então aqui eu aprendi a beleza da contemplação do tempo. Fotografar um lugar e depois de um tempo (longo ou não) você ver como aquele lugar mudou, parece que você consegue segurar o tempo nas mãos, mesmo que ele continue passando.
E também por eu ter guardado aquela foto do dia 14, sem ter compartilhado ela, aprendi que realmente nem tudo precisa ser exposto, compartilhado como uma frenética busca por viralização ou engajamento. Ou seja, fotografar para guardar também é importante, isso muda muito mais quem fotografou do que quem vê a foto depois.
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| Foto da árvore no dia 14 de agosto |
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| Foto da mesma árvore no dia 30 de agosto. |


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