Largar

Nessa semana, assisti o documentário "Do caos à utopia" que conta as histórias de algumas bandas independentes da região gaúcha, e que são várias histórias de realizações, de sentimentos, de experiências e afins.


E uma coisa que me identifiquei com o documentário, foi um ponto de vista de um dos entrevistados que já cheguei a falar um dia pra mim mesmo e para algumas pessoas.
Não digo que sou um ótimo musico, que sou perfeito nos acordes e criatividades, mas também, fora desse ramo da música, eu não sei também fazer muita coisa, eu tento fotografar, mas não sei fazer direito. Tento produzir vídeo, mas não sei fazer direito. Tento mexer em computadores, mas não sei fazer direito. Tento aprender uma nova profissão ou me infiltrar em comércios, mas não sei fazer direito.
No fim, a música, foi o único espaço, único universo que me aceitou mesmo eu não sabendo fazer nada direito, ela percebeu em mim, qualidades que talvez eu não teria em outro ramo, em outra área, mas que no mundo dela eu me encontraria.

- posso dizer até que a minha relação com a música, aplica-se quase igual a relação com o Cristo me encontrar e me escolher quando eu estava perdido. A música fez a mesma coisa comigo, por isso acredito nela. -

As vezes quando fico desempregado, e falam pra eu procurar emprego, sempre acabo dizendo: mas procurar aonde? Não sei fazer nada, e o que sei, nem todos aceitam só pela experiência, mas com aquele mero papel chamado diploma. Coisa que eu não tenho ainda.

Acho que no final, eu acabo não acreditando na minha capacidade para fazer outras coisas. As vezes as pessoas acreditam em mim e que eu posso fazer, mas, possuo medo para outros universos desconhecidos e sei que de alguma forma estou errado nisso, mas, na música, meu único medo, é só de não ser verdadeiro ao tocar ~minhas~ canções. E isso, pra mim, é o mais importante enquanto o coração bater.

Não sei onde vou parar, por onde vou andar, que sonhos cultivar, e AINDA não pretendo sair do comércio pra casar com o universo da música ou produções multimídias, mas, também, não prometo estar até amanhã em um universo que já existem pessoas muito melhores do que eu, pra fazer o que eu tento fazer, enquanto eles são os melhores.

Pretendo ser eu, você, a música, "e o resto é nada mais."

Porque largar, é pras drogas, pras mulheres que não te dão bola, pra trabalhos que te impedem de sonhar, para os medos que te cercam, para as dúvidas e afins, e não pra música.

"Tocar é legal, mas, no dia que ganhei disco de ouro, falei: ah, isso aqui é enganação, isso aqui não vale nada. Todo mundo achando que eu tava muito feliz, mas aí eu ficava pensando: ah, isso aqui é gravadora que me deu uma chupeta pra eu parar de reclamar, porque nem tinha vendido 5 mil disco ainda, sabe? Então, essas coisas, as pessoas vêem de fora e dizem: esses caras devem estar muito felizes! As vezes tem várias aplicações, quando tu vê que uma coisa que tu fez, foi realmente útil na vida de um cara, realmente tu vê que tudo que falam sobre a tua banda, tudo que falam sobre as tuas músicas, e consequentemente tudo que falam sobre tu como pessoa, com base na tua música, as vezes o cara não gosta e tem um monte de idéia sobre a gente, tu vê que isso não vale porra nenhuma, porque tu tá sendo muito importante pra várias pessoas, e talvez eu precisasse de alguém pra ser muito importante pra mim atrás e não tive, então, é isso que eu acho massa." - Palavras de Lucas Silveira na entrevista do documentário.


Vídeo do Documentário.



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